PTsunami

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                                                                    Amauri Meireles (*)

 

Segundo a enciclopédia, o que é gerado “quando os limites de placas tectônicas convergentes ou destrutivas movem-se abruptamente e deslocam verticalmente a água sobrejacente”? O fenômeno geológico tsunami! E o que, conforme recente resolução política do PT, é gerado com “é urgente construir hegemonia na sociedade, promover reformas estruturais, com destaque para a reforma política e a democratização da mídia”? O fato político tsunami ideológico. Ambos são desastrosos! O primeiro, uma série de ondas gigantes, formadas através de abalos sísmicos, destrói tudo que vem pela frente; o segundo, uma série de tópicos gramcistas, que ganha força quando chega às camadas de baixa conscientização política, pretende destruir instituições que obstaculizem seu projeto de poder.

A maquiada (ou maquiavélica?) resolução da bondade não consegue esconder dois dos fundamentos de Gramsci: a hegemonia (implantação de uma mentalidade uniforme sobre determinadas matérias) e a ocupação de espaços (arquitetada em seis propostas e nove plataformas).

Uma plataforma chama mais a atenção, por citar nominalmente a instituição-força social: “reforma das polícias e a urgente desmilitarização das PMs, cuja ineficiência no combate ao crime só é superada pela violência genocida contra a juventude negra e pobre das periferias e favelas”. Além de ocultar o que entende por “desmilitarização”, estimula uma inconsequente militofobia e não se vexa em mentir, pois, o aumento da criminalidade é menos um problema policial que uma grave desídia sociopolítica. De governo! Decorre de insuficiente ou deficiente conhecimento e prática de civilidade, de civismo e de cidadania, preceitos que deveriam ser fortalecidos, mas, insidiosamente, estão sendo destruídos. Chavões referentes a “negros e pobres” e estímulo a certos procedimentos anárquicos são o tempero para gerar o ambiente propício à entronização de uma idéia hegemônica.

Lembre-se, Gramsci pregava a implantação do regime comunista, não pela força, mas, sim, inoculando a idéia revolucionária pela via pacífica, “entorpecendo consciências e massificando a sociedade com uma propaganda subliminar”. Sendo as polícias militares as agências públicas mais visíveis, a primeira barreira a dissimulados propósitos, é natural que a artilharia petista se volte contra elas. A seguir, os alvos serão as polícias civis, a polícia federal (que, nos episódios do Mensalão e do Petrolão, ratificou sua competência e, sobretudo, sua independência, incomodando ideólogos radicais) e as demais instituições que se coloquem no caminho do tsunami ideológico.

Vencida a fase de superação do senso comum, vale dizer, da hegemonia do pensamento, o caminho estará aberto para a criação da crudelíssima Polícia Política, implacável com os inimigos do regime. Aí, sim, partidos, indivíduos, instituições, que se deixaram enganar por ações de agentes provocadores, pagarão pela omissão ou pelo fisiologismo.

Os ideólogos do tsunami objetivam destruir os idealistas. Quid Juris?(que direito?).

 

                            (*) Coronel Reformado da PMMG

                            Ex-Comandante da Região Metropolitana de BH