Ofício nº 16/FENEME/2011
Brasília-DF, 04 de julho de 2011
Senhor Diretor,
A FEDERAÇÃO NACIONAL DE ENTIDADES DE OFICIAIS MILITARES ESTADUAIS – FENEME, por suas 33 entidades filiadas em 19 Estados e Distrito Federal, representando cerca de 40.000 associados, vêm manifestar a vossa senhoria nosso repúdio contra a cena transmitida pela TV Globo na novela Insensato Coração, do dia 29 de junho de 2011, em que um ator, interpretando um delegado de polícia, declara de forma objetiva que se fosse um policial militar ou um guarda municipal seria corrupto.
Sabemos que a novela é uma obra de ficção, mas o papel pedagógico da televisão, um poderoso instrumento de comunicação de massa, uma concessão pública, deve ser limitado pela ética de não generalizar e estigmatizar uma classe que representa a mais presente defesa do estado democrático de direito, única presente em todos os municípios brasileiros, e que o povo, independente de classe social, sempre se socorre em seus momentos mais difíceis por meio do conhecido número 190 da Polícia Militar.
É o número 190 da Polícia Militar que todos chamam, que todos conhecem e que muitos confiam, e é o policial militar que seguirá com destemor para o socorro.
Propalar a corrupção policial militar como regra é desmerecer os milhares de profissionais que se doam diariamente, muitas vezes com a própria vida, ao trabalho de buscar paz ao povo brasileiro.
Reconhecemos a parcela de corrupção que enfrentamos nas Polícias Militares, mas isto não é fato que ocorra somente conosco. O próprio jornalismo da Rede Globo diariamente mostra para toda a sociedade, infelizmente, a corrupção existente nos mais diversos órgãos governamentais em seus diversos níveis de autoridade no Brasil.
Aquele arquétipo do policial militar não se sustenta mais, enfrentado por muitos Estados que há muito exigem curso superior para ingresso como Soldado PM e bacharel em Direito para Oficial PM.
A importância da Rede Globo de Televisão e seu papel de destaque na construção de um país melhor prescinde do respeito às diversas classes trabalhadoras, aos policiais militares brasileiros.
Se é certo que a liberdade de expressão é um dos pilares da democracia, é certo também que o respeito a dignidade do ser humano também se constitui num desses pilares, ambos alicerçados em nossa Constituição Federal.
Impõe-se, assim, que a TV Globo busque reparar, de alguma forma e na própria novela assistida por milhões de brasileiros, a ofensa a dignidade dos quase meio milhão de policiais militares do Brasil, em sua maioria profissionais ilibados, cidadãos corretos a merecer todo o vosso respeito.
Atenciosamente,
MARLON JORGE TEZA
Coronel PMSC – Presidente
Senhor
Roberto Irineu Marinho
Presidente das Organizações Globo
Rio de Janeiro/RJ