O ESTADO COM MEDO

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O ESTADO COM MEDO | Artigo – Cel QOR Amauri Meireles

 

A sensação de insegurança aumentou, em razão de atrocidades cometidas com assustadora frequência: nos presídios ou masmorras modernas; nas infrações cometidas por menores, contra idosos, mulheres e turistas; nas atrevidas invasões de domicílio, nos arrastões, nos sequestros, nos homicídios por motivos fúteis e afins. E há a crença de que a proteção governamental não é adequada. O povo está assustado: sente que o Estado está com mais medo do que ele. Medo de quê? De agir, coativa ou coercitivamente. Por quê? Porque teme ficar evidente que todas essas mazelas e contradições sociais decorrem de décadas de omissão dele próprio. Por que Pedrinhas (antes, o Carandiru)? Pelo descaso crônico com o sistema de execução penal administrativa.

Quase sempre, rebelião de presos é uma anunciada insurreição contra deploráveis condições de vida a que são submetidos. Por que preso não é ressocializado, não trabalha? Por que o aumento de menores infratores? Porque, na CF e no ECA, há um rol de direitos, que estão no papel, pois não é prioritário criar-se estrutura para operacionalizá-lo. Por que o aumento da população em situação de rua, fazendo o que bem entende, sob o manto de uma equivocada interpretação do direito humanitário? Porque esse direito está sendo usado como salvo-conduto para o não cumprimento de deveres sociais. Aliás, desde que o discurso do politicamente correto se instalou, retumbado pelas comissões de direitos humanos, um enorme cagaço (expressão castrense) tomou conta de alguns governantes, nos três níveis, gerando uma covarde omissão. Se o Estado se sente manietado, para proteger a sociedade, sejam criadas “Comissões de Deveres Humanos” para resgatar sua autoridade e devolver-lhe a coragem para agir. Mas, o estado-governo é conduzido por políticos e estamos carentes de estadistas, de estirpe, impedindo o exercício imperioso da Política, porque maioria dos políticos cretinos e safados a conhece apenas pelo viés politiqueiro, eleitoreiro.

O temor de plantão é o rolezinho. Luiz Tito, de O TEMPO, sintetizou o tratamento a ser dado a essa inconsequência: mão de ferro! E, antes que fazedores de média se manifestem, o que se quer é respeito aos direitos e obediência aos deveres. Jovens, de qualquer origem, têm o direito de frequentar shoppings, mas, têm o dever de respeitar o direito dos outros e as regras de funcionamento desses locais. Cometido um ato infracional, seja o adolescente da periferia ou da Savassi submetido às medidas socioeducativas de lei.

Estado, readquira coragem e nos devolva a paz e a harmonia sociais! Seu dever, nosso direito!

Amauri Meireles – Coronel Reformado da PMMG
Ex-Comandante da Região Metropolitana de BH